terça-feira, 29 de abril de 2008

O Duplo

Olhou-se no espelho e viu algo diferente. Atendia pelo mesmo nome, mas era outro. Algumas coisas eram familiares. Chegavam a partilhar gostos, escolhas e até traços, porém nunca seriam o mesmo. Eram duas partes distintas de frutas diferentes.
Percebi pela cor de seus olhos que se tratava de um engano mortal. Eram tonalidades diferentes. Um possuía esferas verdes profundas, pesadas e tristes. Lembrei das bolinhas de vidro que jogava no fundo do quintal do meu avô. Ao mesmo tempo fascinantes e frágeis. Já o outro era dono de leves amêndoas divertidas e sem compromisso. Não possuía mentira no olhar, portador da verdade como uma criança. Eram olhares tão distintos, sorrisos diferentes, pessoas díspares.
Não os queria, eles apenas apareceram como fantasmas. Atormentada, fugi para longe onde nenhum deles fosse capaz de me encontrar.

2 comentários:

Pedro Rabello disse...

É de atormentar mesmo. Fez bem em fugir.

Pedro Willmersdorf disse...

fazia tempo que não lia um texto tão bom.

besos, gata!