domingo, 27 de abril de 2008

Adeus

Eu te olhei. Você não olhou de volta. Apenas me disse que não dava mais. Não achei que este dia chegaria. Fiquei parada na chuva durante vinte e quatro minutos até perceber que você tinha partido. Deixou-me de verdade, para sempre. Não era minha vontade, nunca quis isso. Juro. Pensei em te deixar, mas nunca imaginei que o contrário aconteceria.
Você me disse que não era mais a mesma pessoa. Tinha certeza disso há muito tempo e, mesmo assim, continuei agindo como se nada tivesse mudado. Ingenuidade a minha. Pensei que era para sempre. Com todos os defeitos, era pra sempre. No fundo, é pra sempre.
Dei dois paços, parei outra vez. Encostei-me em um canto qualquer onde a chuva ainda alcançava meu rosto. Simplesmente resolvi reviver as suas palavras. Pensei nas coisas que nunca te disse, nos silêncios intermináveis, nos olhares, na primeira vez que te vi, nos momentos de melhor amigo, na falta que meu confidente faria, em todos os meus erros, nos seus também.
Senti falta de escutar meu telefone tocar. Esperei que tudo fosse apenas uma brincadeira cruel. Já passei da conta tantas vezes. Acho que mereci. Então percebi a chuva se misturar as minhas lágrimas. Senti um pedaço de mi ser arrancado. Um vazio insubstituível, pra sempre.

Um comentário:

Pedro Rabello disse...

"Se lembra quando a gente chegou um dia a acreditar que tudo era pra sempre, sem saber que o pra sempre sempre acaba."


Uma pena que seja assim, mas é assim. Ótimo e triste texto.