terça-feira, 27 de maio de 2008

Não foi

Parei e decidi pensar em tudo que deixei para trás naquela tarde. Minha intenção era fugir para algum lugar que ninguém me conhecesse. E quando as pessoas passassem a me conhecer lá, fugiria outra vez. Será que faltaria lugar para me esconder neste mundo? Acho que, no fundo, não importa muito onde esteja, estarei comigo. E sei que estou fugindo, estou mentindo, estou sendo patético! Voltei de malas nas mãos pra casa mesmo que ninguém estivesse a minha espera.

segunda-feira, 26 de maio de 2008

Livre arbítrio

Senti meu corpo deslizar através do líquido até o fundo da banheira. Cobri o rosto de água deixando apenas o nariz para fora. Tinha os olhos fechados e o cabelo flutuante. Quando os abri, vi tudo de maneira diferente.
Sentia a água quente. Era inverno e minha pele se mostrava mais branca que o normal. Não me mexi. Pensei comigo: “será que alguém consegue se afogar numa banheira?”. Fechei os olhos novamente e prendi a respiração. Emergi. Ficaria lá eternamente. Queria saber se era possível. Estava disposta. Não tinha nada a perder, mas não agüentei por motivos biológicos. Era mecânicamente impossível. Quando levantei a cabeça da água, nenhum dos meus problemas tinham desaparecido.

sábado, 24 de maio de 2008

Ainda sem título.

Não fechou os olhos a noite toda. Apenas observava seu cachorro deitado no tapete ao seu lado. Não se virou nenhuma vez para Marcel. Ele não percebera a frieza e distância da noiva. Dormia profundamente. Ao contrário do noivo, Buddy não dormiu. Apenas encarava sua dona com olhos reconfortantes. Ela não precisar falar nada. Parecia entendê-la melhor que qualquer ser humano. Quando o despertador tocou anunciando seis horas da manhã, o crítico de arte nos seus quarenta e poucos anos acordou para mais um dia de trabalho. A moça fechou os olhos levemente ao perceber o corpo ao seu lado se levantar. Ele a olhou por um momento e seguiu para o banheiro. Quando fechou a porta, Buddy subiu na cama e preencheu o lugar vago.


Meu livro começa assim. E é só o que vou postar dele.

segunda-feira, 19 de maio de 2008

Revirando o armário

Esqueci como algumas músicas estão intimamente ligadas as pessoas da minha vida. Escutar minhas bandas favoritas pode ser doloroso e reconfortante.

Uma das minhas favoritas. Acho uma das letras e melodias mais lindas. Simples.

Sun
(Mae)
I'm a mess, I guess.
It's what I asked for, it's what I needed.
Well, you know me better than that,
or at least you did and something happened.
But once again something's happened.
The confidence you held in us
is the rope we almost hung ourselves with.
At times I wonder if we really took the steps
to break right through it.
I know that there were better days,
but to see the light and to feel the rays.
Life was always back and forth
and we were idling or making useless progress.
Waiting for the rain to stop.
Destination: beautiful.
Seems that I'm still waiting for the sun.
Someday will come back to us, if you're willing let it go.
Why won't you just let this be your sun?
It seems like yesterday we had the world our way.
But some will say we're heading for destruction.

I'll ask you "What in the world should we do?"
This light is green our break is through.
Are we not trying or are we trying too hard?
Well, you know I never want to miss,
I hold on tight and reminisce.
But it's bittersweet to me.
When time stands still as it's trapped inside
the letterbox you gave back to me.
But I'm the one who keeps on reading.
But I'm the one who wants to let it go.
I'm the first to speak.
You're the last to know.
Another scene that we're creating,
I need to know if we still making useless progress.
Waiting for the rain to stop.
Destination: beautiful.
Seems that I'm still waiting for the sun.
Someday will come back to us, if you're willing let it go.
Why won't you just let this be your sun?
It seems like yesterday we had the world our way.
But some will say we're heading for destruction.

domingo, 18 de maio de 2008

Ainda não acharam meu corpo

Não vou escrever. Não posso. Sinto dor de cabeça só em pensar. E nem os banhos quentes que Sylvia recomenda parecem resolver. Estou presa na redoma de vidro. Sinto-me patética, silenciosa, discreta, alheia, fria e reservada. Vou apenas observar a vida dos outros e esquecer de viver a minha.

terça-feira, 6 de maio de 2008

Meus sapatos vermelhos

Esperei sentada no banco perto da escada principal. O recinto estava lotado. As vozes ecoavam, mas não consegui interagir com figura alguma. Apenas esperava de cabeça baixa no banco perto da escada.
Ele chegou lentamente. Meu olhar focava os botões da minha própria calça e meus longos cabelos castanhos, caídos dos lados, formavam uma estécie de barreira protetora. Reconheci seus tênis e, antes que pudesse levantar o olhar, ele se abaixou acomodando suas mãos nas minhas cochas para equilibrar o peso do corpo.
Foi necessário apenas uma pequena troca de olhar para meu rosto modificar a expressõa. Beijou-me a face com ternura. Levantou devagar e pegou minha mão. Segui seus paços. Abraçou-me junto ao corpo e me fez sentir segura novamente.

quinta-feira, 1 de maio de 2008

Não enganas

(Não sou boa nisso, mas precisava escrever.)

Éramos dois até as luzes apagarem
Sorri para você no escuro
Senti sua mão na minha
Escutei sua voz

Éramos um até as luzes ascenderem
Coloquei meus sapatos vermelhos
Você sorriu constrangido
Pegou minha mão

Somos sempre dois e um
O toque nos aproxima
O sorriso nos liberta
E nossos olhos não sabem mentir

Se não me tocas mais?
Se não sorris mais para mim?
Nossos olhos sabem
Só há mentira